04 maio 2010

Eles são precursores de um movimento que se convencionou chamar de sertanejo universitário e que hoje virou um fenômeno no cenário musical brasileiro. "A música como um todo vem sofrendo constantes metamorfoses ao longo dos anos. A gente não se prende a nenhum rótulo. Os rótulos se vão, acabam, mas a música é a que fica",
decreta César Menotti, durante a coletiva de impresa para apresentação do novo disco da dupla com Fabiano,
"Retrato - Ao Vivo em Estúdio", em São Paulo.

Entre os destaques deste que é apenas o quinto álbum dos irmãos estão uma regravação do Rei Roberto Carlos, o hino religioso "Jesus Cristo", a participação do mestre Dominguinhos, e a forma como o trabalho foi registrado.

"Retrato" é um disco ao vivo, mas gravado dentro do estúdio "Minério de Ferro", do grupo Jota Quest, em Minas Gerais. A ousadia empreendida aqui pelos irmãos foi levar o público para dentro do local de gravação. Foram sorteados, via Twitter, 50 fãs de todo o Brasil que puderam estar perto da dupla, curtir, cantar junto e até dançar durante a gravação. Um projeto quase intimista.

"Queríamos que o público entendesse nosso processo de gravação. Acho que nossa sacada maior foi não fazer um ao vivo fake (falso), ou seja, quando o artista grava e depois refaz tudo no estúdio. Já estávamos dentro de um, então pudemos captar a energia do público de verdade", explica César. "A princípio, a ideia de fazer o disco desse modo parecia que resultaria numa experiência parada. Mas foi ao contrário", complementa Fabiano.

Antes de apertarem o botão "rec", os fãs receberam uma espécie de "cola", com as letras das músicas, para treinarem e cantarem com a dupla. A gravação com a plateia foi feita tudo num único dia. A finalização do disco, no entanto, demorou um pouco mais: foram necessárias cerca de 600 horas dentro dos estúdios para mixar e masterizar o álbum.

Contendo 16 faixas, sendo duas regravações, o disco prima pela qualidade musical, com instrumentais e vozes captadas com perfeição. Apenas duas músicas precisaram de um bis para conseguir um áudio melhor.

"Retrato", que sai pelo selo Universal Music já com 50 mil tiragens, sendo 40 mil cópias já comercializadas, o que representa disco de ouro, pode ser dividido em duas partes. A primeira, apresenta ao ouvinte uma pancada (no bom sentido) de músicas dançantes, pra cima, bem ao estilo já consagrado pela dupla.

A faixa que dá nome ao disco tem instrumentais e refrão marcantes. Na sequência, chega a envolvente "Labirinto", primeira música de trabalho e que já está entre as mais tocadas em diversas partes do Brasil. A primeira metade tem espaço ainda para o arrasta-pé irresistível "Imploro". Cenas cotidianas dão letra à faixa "Fofoca", que abre lugar para o xote dengoso de "É ruim que dói".

A partir desse momento, os irmãos investem em canções mais românticas, como "Esperando aviões", regravação de Vander Lee, a balada "Isso é Amor", composta por Victor Chaves (da dupla com Leo), e "Deixa o sol entrar".

"A escolha do repertório é sempre feita em conjunto, entre nós, a gravadora e o público. Recebemos muitas músicas de todo o Brasil. É um trabalho difícil juntar tudo isso e escolher apenas 16. Algumas canções colocamos na internet e esperamos a reação do público para decidirmos. Afinal, são eles quem consomem nosso material depois", afirma César.

A faixa "Imigrante" foi feita pensando nos brasileiros que saem do país em busca de melhores condições de vida e já se tornou o tema das turnês da dupla pelo exterior. Aliás, o ponta-pé inicial para a turnê de lançamento do novo disco acontecerá em Londre, no dia 30 de julho, durante um show no "Brazilian Day", evento internacional apoiado pelo Rede Globo que leva artistas brasileiros para se apresentar para as comunidades de brasileiros que vivem lá fora.

"Kid Lampião" é a música que conta com a participação de Dominguinhos. "Queríamos alguém que representasse a mais pura cultura brasileira e nordestina, não só porque ele representa a figura do mestre Luiz Gonzaga. A música foi feita para valorizar essa cultura. Eles são nossa inspiração", explica a escolha César.

A faixa tem um quê de country americano e faz uma associação entre cowboy, Lampião e Maria Bonita. "Eu desisti de ser cowboy americano / Vou ser vaqueiro bem à moda brasileira", diz a letra.

Encerrando o disco aparece "Jesus Cristo" (Erasmo e Roberto Carlos), a faixa de cunho religioso deste disco. Quem conhece um pouco de César Menotti e Fabiano sabe que, como bons religiosos, em todos eus discos a dupla sempre encaixa uma música nesse estilo.

"A gente sempre grava uma canção de cunho religioso. É como se fosse nossa forma de agradecimento a Deus por tudo o que temos alcançado. Quando pedido a liberação da música para o Roberto, ele foi muito simpático e solícito. Ele não demorou em liberar. Até ficou feliz por termos pedido", fala César, entregando ainda que, ter cantado ao lado do Rei no projeto "Emoções Sertanejas" foi um dos momentos mais marcantes para a carreira da dupla: "Ele é um ícone da música brasileira", finaliza.

Para os irmãos, a distinção de estilos feita dentro do sertanejo não existe. Mas, o fato é que, universitário ou não, a música alegre de César Menotti e Fabiano está aí, continua sendo ouvida por um público cada vez mais diversificado. Gente que lota os shows em todo o país e que, mesmo em tempo de crise na indústria fonográfica, comprou mais de 1 milhão de discos em quatro trabalhos lançados anteriormente.

*O repórter viajou à convite da gravadora Universal.

Serviço:

César Menotti e Fabiano
CD "Retrato - Ao Vivo em Estúdio"
Gravadora: Universal
16 faixas
Preço médio: R$ 19,90

Fonte: http://gazetaonline.globo.com/index.php?id=/divirta_se/noticias/musica/materia.php&cd_matia=629975

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