Tenho observado como as coisas mudaram de uns tempos pra cá. O sistema nos consome e muitas vezes nos obriga a passar por cima até mesmo dos nossos princípios para poder adquirir vantagens.
Quando nossa música sertaneja foi introduzida no Brasil, através do esforço de homens como Cornélio Pires, Raul Torres e Florêncio, entre outros baluartes, penso que eles nunca imaginaram que a coisa poderia chegar onde chegou.
Hoje em dia tem sido valorizado apenas um princípio: a busca pelo sucesso - não importa a que preço. Na cabeça de muitas pessoas já não vale a pena fazer um trabalho bem feito. Por que? Talvez porque no momento o bem feito seja difícil de vender. Existe um apelo pelo “estouro” que faz com que os trabalhos percam a qualidade.
Fico honrado por ver o crescimento da música sertaneja no Brasil, mas fico triste por vê-la sendo tratada por alguns simplesmente como um produto comercial do qual precisamos sugar seus benefícios ao máximo antes que se acabe.
Não estou falando apenas dos outros, admito que nesses 8 ou 9 anos de estrada temos cometido muitos erros - mas sempre buscando acertar e nunca desesperar por nos tornarmos uma “celebridade”.
Quem, há 10 anos, esperaria que um artista, pra fazer sucesso, teria que gravar um disco e sair distribuindo de mão em mão como se fosse panfleto? Hoje a disputa é de quem distribui mais CDs, não de quem vende mais. Onde isso vai parar? Será que em breve estaremos dando o show também? Se bem que em muitos já está sendo assim.
Quem ganha com isso? De certa forma o público, pois até eu gostaria de ganhar as coisas de graça. Por outro lado, perdemos com a qualidade dos nossos produtos que são feitos cada vez mais de forma amadora e precária.
Precisamos lutar pra que nosso governo nos dê incentivos fiscais, pois música também é cultura, para que possamos produzir trabalhos com padrões de qualidade elevados e ao mesmo tempo proporcionar um preço compatível com a renda da maioria dos brasileiros.
O que quero é levar um trabalho com qualidade e procurar sempre acrescentar algo na vida das pessoas. Se essa fórmula é sucesso, popularidade, não sei, mas é a forma como me sinto realizado. É a maneira que, de certa forma, posso fazer a diferença na vida das pessoas que nos ouvem. Não somente ganhar rios de dinheiro, passar por cima de princípios sem me importar com o legado que estarei deixando.Isso tudo é por amor à minha geração.
Fonte: www.cesarmenottiefabiano.com.br
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